Referências Bibliográficas
SANCHES, Lars M. Análise do acúmulo da demanda logística no final do período de comercialização: um modelo de Dinâmicas de Sistema para o setor de bens de consumo brasileiro. Campinas: Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo – Unicamp, 2009. 281p.Tese (Doutorado) – Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. Unicamp, 2009. STERMAN, John. Business Dynamics: System Thinking and Modeling for a Complex World. Columbus: Irwin McGraw-Hill, 2000. Edição 28 Revista Mundo Logística – Concentração de Vendas Final do Mês – Professor Dr. Lars Meyers Sanches, Professor Dr. Orlando Fontes Lima Junior;
Sua empresa sofre com a concentração crônica de vendas na última semana do mês? Na maior parte dos segmentos de mercado a última semana do mês é a mais importante, representando geralmente entre 35 e 45% do faturamento mensal. A logística de inúmeras empresas no Brasil sofre com as vendas concentradas.
Esse fenômeno impacta diversas áreas, gera um pico de demanda no financeiro, jurídico, logística, entre muitas outras, e inclusive, na própria área de vendas que, normalmente, se exaure na última semana e começa o próximo mês em ritmo lento. Apesar se ser uma prática habitual, será que ela é realmente viável e traz benefícios para as empresas?
Racionalmente e operacionalmente a última semana do mês não deveria ser a principal dentro de uma empresa, é nela que o mercado menos tem dinheiro e recursos para investir. Aliás, uma das características das empresas que têm alta performance em vendas é justamente não depender da última semana para bater metas.
Empresas que dependem das vendas concentradas para o faturamento geralmente apresentam 2 problemas:
- Previsibilidade de vendas ruim;
- Inconstância de resultados;
E isso indica que a empresa é extremamente dependente dos altos e baixos do mercado.
Por isso, é importante transformar sua empresa em uma de alta performance de vendas, para que ela não sobreviva através da concentração de vendas. Neste conteúdo falaremos mais sobre esta dor importante do mercado: os problemas da concentração de vendas. Porque ela acontece, como impacta os resultados, e possíveis soluções.
Boa leitura.
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A Concentração de Vendas
A concentração de vendas é um fenômeno que ocorre há muitas décadas nos mais diversos segmentos de negócio: desde bens de consumo até automóveis, passando por equipamentos, produtos farmacêuticos, serviços e insumos industriais. Por causa disto, muitos profissionais assumem que este fenômeno seja parte do ambiente de negócios nacional, e que, portanto, a única coisa a ser feita é adaptar a operação para lidar com a concentração de vendas.
“A culpa é do consumidor! Ele recebe o salário no começo do mês e vai para o supermercado fazer suas compras mensais. Os supermercados compram no final do mês para se preparar para este pico de vendas”
Quando alguém da área de logística ou manufatura de uma empresa de bens de consumo reclama dos problemas causados pela concentração das vendas, muitos gerentes de vendas repetem essa frase ou similares, culpando o consumidor.
Até 1994, havia uma forte concentração de vendas dos supermercados no começo do mês, devido à desesperada necessidade dos consumidores fazerem suas compras mensais antes que a inflação corroesse o valor do seu salário. Mas esta realidade mudou.
Dados de institutos de pesquisa mostram que não existe mais concentração das compras dos consumidores, e que hoje, eles fazem várias compras menores ao longo do mês, em lojas próximas à sua residência e na internet.
Mas se a culpa não é do consumidor, de quem é?
Vamos exemplificar algumas hipóteses comuns da concentração de vendas no final do mês para refletirmos juntos.
Condições comerciais praticadas pela empresa na última semana
cAs empresas no intuito de baterem as metas, normalmente, praticam condições comerciais de descontos e crédito diferenciadas na última semana. Inclusive essas ações já viraram rotina em muitas empresas, o que aumenta a concentração das campanhas de marketing, ao perceberem que os resultados de vendas estão insuficientes, os investimentos em comunicação são fortalecidos.
Nesse caso, a empresa deveria montar um plano de ação para reverter o cenário e evitar concentrar as campanhas e incentivos para a Força de Vendas e para os clientes na última semana.
Talvez o time de vendas diga:
“Mas é na última semana que a gente precisa bater a meta”
Não, não é.
É preciso correr atrás da meta desde o início do mês. Agindo dessa forma, quando chegar na última semana não haverá necessidade de tanta pressão e desespero na área comercial.
Por que não começar o mês com vendas mais agressivas?
A 1ª semana do mês é a semana com o maior volume de dinheiro circulando. É válido pensar em uma estratégia para vender para os clientes no início do mês. Fazer um planejamento adequado dos investimentos em marketing proporcional às metas semanais com uma distribuição proporcional ao longo do mês.
Parece lógico, mas não é o que ocorre. Como o mercado está circulando dinheiro, as empresas tendem a investir menos em campanhas, porque a demanda está mais favorável. É nessa hora que a empresa deveria pensar em conseguir o máximo de vendas possíveis.
Segundo varejistas, a culpa da concentração de vendas está atrelada a empresas fornecedoras que dão maiores descontos no final do mês. Com o passar do tempo, os compradores aprendem que, se esperarem até os últimos dias eles conseguirão uma condição comercial melhor.
Mas por que não dão o desconto antes? Segundo os vendedores, o principal motivo é o fato de receberem verbas adicionais de desconto no final do mês. Os responsáveis pela liberação das verbas, sejam eles gestores da área comercial ou da área Financeira/Marketing, esperam o máximo possível para ver se o volume de vendas do mês será atingido, sem a necessidade de liberar mais recursos.
Quando percebem que as vendas planejadas não serão atingidas, liberam mais verbas para garantir que o resultado mensal prometido para acionistas seja alcançado.
Como os compradores dos varejistas esperam para fazer as compras, as vendas no início do mês são baixas, obrigando os responsáveis pelas verbas a continuar liberando descontos.
Assim surge um círculo vicioso, cujo culpado não é o consumidor, mas sim as próprias práticas da indústria e do varejo, que deveria se preocupar em mudar este cenário.
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Impactos da concentração de vendas nos resultados
Uma vez constatada que a concentração de vendas é provocada por fatores internos, surge a oportunidade de avaliar se é interessante ou não, do ponto de vista do negócio, atacar o problema.
Quando a empresa começa a adotar a política de dar maiores descontos no final do mês, o comprador do varejo, incentivado pelo seu modelo de remuneração – que privilegia a obtenção de descontos –, aproveita a oportunidade para comprar volumes maiores que o giro dos produtos, aumentando seu nível do estoque.
Apesar do preço médio de venda cair, o volume adicional vendido aumenta em uma proporção maior, o que faz com que o faturamento, e, consequentemente, o lucro da indústria, suba. Entretanto, este aumento do lucro é momentâneo.
O professor Dr. Lars Meyers Sanches e o professor Dr. Orlando Fontes Lima Junior, realizaram um estudo aprofundado. Durante a análise, quando o estoque do varejo atinge um determinado patamar (no caso da empresa estudada, este patamar era de 3 meses de cobertura), o comprador do varejo é obrigado a comprar somente o giro do produto, isto é, compra o que foi vendido.
O estoque máximo depende de vários fatores, como o prazo de validade dos produtos, a taxa de obsolescência, restrições de área de armazenagem, ou mesmo políticas internas dos compradores. De acordo com os resultados da pesquisa, a partir do quarto mês, o faturamento da indústria volta para um patamar próximo ao inicial, pois agora a indústria precisa continuar dando os descontos, mas não consegue um incremento significativo no volume de vendas.
No médio e longo prazo, a concentração de vendas produz um efeito dúbio em seu volume. De um lado, o aumento dos estoques do varejista, provocados pelos descontos no final do mês, pode fazer com que os varejistas, visando aumentar as vendas e reduzir o estoque, sejam forçados a repassar os descontos para os consumidores ou incentivar a venda através de outras atividades, efeito conhecido como “pressão de prateleira”.
Este efeito é amenizado pela reação dos outros fabricantes, que também fornecem descontos e pressionam os varejistas a incentivar as vendas dos seus produtos. Por outro lado, a concentração das vendas, além de fazer cair o preço médio de venda, afeta a disponibilidade de produtos na gôndola, o que leva à perda de vendas.
Em conjunto com profissionais das áreas de Transportes, Logística e Financeiro, foi estimado no estudo que haveria uma redução significativa nos custos de transportes e uma melhoria no serviço prestado, caso as vendas passassem a ser constantes ao longo do mês.
Existem ainda outros impactos nos custos de Transportes. Os mesmos se devem à quantidade de estadias de veículos aguardando o descarregamento em clientes, e a quantidade de pedidos devolvidos, que aumentam muito na última semana do mês, gerando mais custos de entrega.
Diversas áreas administrativas, como, por exemplo, as áreas envolvidas no ciclo do pedido, também são obrigadas a trabalhar em horário extra para suportar o incremento de pedidos no final do mês.
Outro impacto foi o aumento da perda de pallets gerada pela urgência de atender aos pedidos antes do fechamento do mês. Muitas vezes, produtos paletizados são enviados para clientes que não possuem contratos e procedimentos para devolvê-los.
Além desses custos citados, foi constatado que os custos de produção, custo de compras e estoques de materiais também são afetados. A dificuldade de previsão e os problemas gerados pela falta de capacidade de armazenagem obrigam a empresa a alterar o ritmo de produção.
Muitas vezes, a fábrica é obrigada a desacelerar, ou mesmo parar a produção, por falta de capacidade de armazenagem, principalmente no começo do mês, quando as vendas da última semana do mês anterior ficavam abaixo do esperado.
De acordo com os resultados do modelo de estudos do professor Dr. Lars Meyers Sanches e o professor Dr. Orlando Fontes Lima Junior, o lucro do varejista não aumentou com a concentração das vendas, seu principal ganho é a redução do preço médio de compra gerado pelos descontos do final do mês.
Como parte desse desconto é repassada aos consumidores, isto permite que o volume de vendas aumente, tal como seu faturamento (em uma menor proporção, pois o preço médio de venda para os consumidores cai).
Contudo, o aumento do volume de vendas não é tão grande. A piora da disponibilidade de produtos, a reação dos varejistas concorrentes que buscam igualar os preços e a política dos consumidores de aumentar o estoque dos produtos em promoção faz com que os ganhos sejam maiores apenas no curto prazo.
Se por um lado o faturamento do varejista sobe um pouco e o preço médio de compra cai, um significativo aumento dos custos logísticos faz com que os ganhos sejam anulados.
Soluções possíveis para a concentração das vendas
A grande maioria das empresas brasileiras prefere conviver com a concentração das vendas a tentar atacá-la. Esta opção é, na maioria dos casos, crença de que a concentração nas vendas é uma característica do mercado brasileiro e que, portanto, não há nada a ser feito, e/ou que as dificuldades e riscos para eliminá-la não compensam os benefícios. Como foi apresentado anteriormente, o primeiro motivo para não se tentar atacar a concentração nas vendas é uma visão errônea.
Como foi apresentado no artigo, a concentração das vendas é originada por fatores internos às empresas e que podem ser revertidos. A implementação das mudanças traz ganhos significativos, tanto para a indústria como para o varejo, mas exige grandes mudanças em toda a organização, e exige a disposição de renunciar ao resultado no curto prazo.
Resumo das principais políticas para lidar com a concentração de vendas:
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